Aconteceu logo na primeira semana que cá cheguei, mas só agora me lembrei de contar.
Estava eu perdida algures no centro da cidade, e decido pedir informações a uma rapariga que vai a passar. Expliquei onde queria ir mas ela não teve tempo de me responder… Começou a apontar nervosa para o meu ombro, sem conseguir dizer uma palavra. Olhei e vi um pequeno bichinho, mesmo pequeno. Não sei o que era. Parecia um tipo de barata mas do tamanho de uma mosca. Sem dar grande importância, sacudi o bichinho do meu ombro, que foi parar ao chão.
A rapariga, ainda aflita, de mãos no peito, pergunta-me se sou australiana. Não! Não se nota?! “Ah, é que estiveste tão descontraída com o insecto que pensei que só podias ser de cá”, diz ela. Enquanto nos ríamos (e ela descontraía), reparo que o mesmo bichinho afinal tinha asas (mínimas, coitado) e voou para o peito dela. Para o peito da rapariga! Tive que lhe dizer, calmamente, que agora era ela que tinha o bicho. Não deu tempo para mais nada… Desatou aos gritos, de braços abertos no meio da rua! Parecia que eu lhe queria matar!!!
A mulher estava mesmo histérica, não imaginam! Tentei falar com ela, perguntar se podia sacudir o bicho, mas ela nem me ouvia e continuava em pânico no meio da rua. Haviam de ver a cena! Ela naquela figura, e eu a olhar para ela a rir-me sem saber o que fazer. Finalmente dei-lhe uma sacudidela no peito e o bicho voltou para o chão. E não é que ela nem disse mais nada! Pelo menos nada que eu conseguisse perceber, simplesmente acenou-me um adeus misturado com umas desculpas, e apressou-se para o outro lado da rua. Provavelmente na esperança que o pobre bichinho não conseguisse voar tão longe…
E ali fiquei eu especada na rua, a rir-me sozinha, e continuando perdida! :)))))